A minha história: Viver com Eczema

by - abril 11, 2017

Sempre acreditei que, na maioria das vezes, o tempo seria o nosso melhor amigo. Atenua sentimentos, saudades, mágoas. Faz-nos crescer e valorizar os nossos melhores momentos. O que eu não esperava é que se tornasse no meu maior inimigo na minha luta contra o Eczema. 


Não sei com que idade surgiu o diagnóstico da minha doença, mas sei que os sintomas apareceram-me quando era uma bebé. Na altura estávamos nos anos 90 e a informação relativamente a doenças de pele era escassa, por isso como devem compreender não foi um processo fácil, chegar a um diagnóstico correto. O meu eczema estava presente em todo o corpo. O aspeto geral era doloroso de assistir.

Os meus pais, desesperados por saber mais sobre o que eu tinha no meu corpo, levaram-me a todo o tipo de médicos durante os meus primeiros anos de vida. Nenhum parecia querer arriscar dizer aquilo que eu tinha. Por aquilo que me recordo foi no Hospital de Santa Maria, após diversos exames médicos, que me diagnosticaram a doença: "Dermatite Atópica". Os meus pais ficaram aliviados quando nos explicaram que não era grave e que apesar de não existir uma cura propriamente dita os sintomas podiam ser atenuados. Acrescentaram ainda que o tempo seria o meu melhor amigo e no futuro a doença iria desaparecer por completo...quando fosse adulta.


Entretanto começou a saga para melhorar os meus sintomas, ajudar-me a ter uma vida normal. Essa fase não durou muito. Tinha aproximadamente 10 anos quando desisti dos médicos. Estava farta de ver os meus pais gastarem quantidades exorbitantes de dinheiro em cremes que eu experimentava uma vez e, não me fazendo absolutamente nada, iam parar ao lixo uns meses depois. Cada novo médico a que íamos tinha sempre uma nova cura milagrosa. E era mais uma forma dolorosa de me fazer sofrer e aos meus pais, uma vez que na sua maioria das vezes receitavam-me cremes com cortisona ou antibióticos com efeitos secundários severos.


Por isso desisti. Implorei à minha mãe para terminar com as experimentações. Preferia viver com os sintomas do eczema de forma despreocupada do que sujeitar-me ao stress de procurar curas que não existiam. (Mal sabia eu que essa seria uma questão importante no futuro.) Então ela concordou, obviamente também fatigada pelo processo e deixou-me utilizar apenas um creme hidratante, que eu colocava nas áreas mais afetadas de manhã e à noite. E foi esse o meu ritual durante longos anos.

Os médicos acertaram apenas neste caso e acabei por melhorar significativamente ao longo dos anos. Em bebé sofria de Eczema praticamente da cabeça aos pés e quando cheguei à minha adolescência apenas sofria de crises nas dobras dos braços e na cara, durante os meses mais quentes do Verão. Não era significativo e não afetava a minha vida, até ao fatídico mês de Julho do ano em que fiz 20 anos.


Num outro artigo explicarei como os últimos anos foram uma nova aprendizagem para mim, contribuindo para a construção deste blog. Espero sinceramente que tenham gostado desta pequena partilha pessoal, que foi obviamente apenas a ponta do icebergue. Quero trazer muitas mais experiências, abordando assuntos mais específicos. Entretanto, como sempre, estejam à vontade para comentar e partilhar a vossa história! 

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